sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Carpinejar falando por mim

Eu espero alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse. Espero alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, que realmente envelheça comigo. Espero alguém que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus amigos e mais irmão dos meus irmãos. Espero alguém que não tenha medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença. Espero alguém que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim. Espero alguém que se arrependa rápido de suas grosserias e me perdoe sem querer. Espero alguém que me avise que estou repetindo a roupa na semana. Espero alguém que nunca abandone a conversa quando não sei mais falar. Espero alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos. Espero alguém que goste de dirigir para nos revezarmos em longas viagens. Espero alguém disposto a conferir se a porta está fechada e o café desligado, se meu rosto está aborrecido ou esperançoso. Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com nossos erros. Espero alguém que não se irrite com a minha ansiedade. Espero alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine. Espero alguém que cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume. Espero alguém que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto. Espero alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi seu dia. (...) Espero alguém que minta que cozinha e só diga a verdade depois que comi. Espero alguém que leia uma notícia, veja que haverá um show de minha banda predileta, e corra para me adiantar por e-mail. Espero alguém que ame meus filhos como se estivesse reencontrando minha infância e adolescência fora de mim. Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me chamando para despertar, que não precise me chamar para amar. Espero alguém com uma vocação pela metade, uma frustração antiga, um desejo de ser algo que não se cumpriu, uma melancolia discreta, para nunca ser prepotente. Espero alguém que tenha uma risada tão bonita que terei sempre vontade de ser engraçado. Espero alguém que comente sua dor com respeito e ouça minha dor com interesse. Espero alguém que prepare minha festa de aniversário em segredo e crie conspiração dos amigos para me ajudar. Espero alguém que pinte o muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Espero alguém que vire cínico no desespero e doce na tristeza. Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas. Espero alguém que me ensine a me amar porque a separação apenas vem me ensinando a me destruir. Espero alguém que tenha pressa de mim, eternidade de mim, que chegue logo, que apareça hoje, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide. Espero encontrar alguém que me torne novamente necessário.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Temos nosso próprio tempo?

Assisti na noite passada um filme de ficção científica ao estilo "tela quente". O filme trata de uma série de aspirações humanas corriqueiras, como a imortalidade, a juventude eterna e o uso do tempo que temos. Explico.

Na história, cada ser humano nasce com um relógio implantado no braço. Este relógio só é ativado quando completa 25 anos e, a partir dessa data, a pessoa não envelhece mais, mas tem seu tempo constantemente marcado numa contagem regressiva visível em seu antebraço. Fisicamente, a aparência é sempre jovial e o corpo é sempre atlético e qualquer pessoa, em tese, pode se tornar eterna se conseguir, a cada dia, mais tempo para si. Incrível não?

A genialidade do roteiro está no fato de que o tempo passa a ser dinheiro (time is money). As pessoas trabalham o dia inteiro e ganham algumas horas. Contas, empréstimos, ligações em telefone públicos, pedágios, refeições, são todos pagos com o tempo que se ganhou. Basta aproximar o antebraço e a quantidade de tempo/preço é diminuída do tempo que se tem.

Nesse contexto, poderíamos supor que não haveria diferença entre ricos e pobres, uma vez que é justamente a morte e o medo dela que nos aproxima a todos. Ledo engano. Os mais pobres correm o tempo todo contra o relógio, tentando às pressas conseguir mais tempo de vida. Muitos morrem na rua, em plena luz do dia, por ter seu tempo esgotado. Deixam de comer para economizar, deixam de ter lazer, moram em locais mais baratos (vejam a ironia fina do roteiro).

Os mais ricos andam com guarda-costas e usam luvas para esconder a quantidade exorbitante de tempo que possuem. Apostam quantidades gigantescas em cassinos e gastam muito tempo em festas luxuosas, restaurantes e roupas caros. Fazem tudo lentamente porque, afinal, têm todo tempo do mundo e mais. Emprestam tempo aos mais pobres e cobram juros extorsivos. Mantém um exército vigilante e a divisão espacial, há locais para os ricos e há guetos para os pobres.

O que me fez refletir no filme foi justamente o fato de desmontar aquele raciocínio lindo e libertador sobre o que faríamos se soubéssemos que só nos restava um dia. A resposta sempre envolve gastar esse tempo com coisas que sejam aprazíveis e com as pessoas que amamos. No filme, as pessoas tem um relógio em contagem regressiva e fazem justamente aquilo que somos obrigados a fazer todos os dias: trabalhar, pagar contas, assumir as responsabilidades a fim de tentar conseguir mais tempo. E, depois de conseguir mais tempo, fazem tudo de novo.

Daí, fiquei me perguntando: Temos nosso próprio tempo? O que estamos fazendo com ele? Trabalhando, pagando contas e assumindo responsabilidades a fim de ganhar dinheiro para poder viver. Só não sobra muito tempo para viver, né? Vinte dias por ano de dolce far niente em troca de 345 dias de trabalho. Tá certo, isso? O que nos distingue do filme? Há mesmo distinção?

Créditos: O preço do amanhã (In time) com Justin Timberlake e Amanda Seyfried.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Raciocínio Lógico

Afirmativa 1: Eu te amo
Afirmativa 2: Você é a pessoa da minha vida
Afirmativa 3: Tenho certeza da reciprocidade desse sentimento

Se as três afirmativas forem verdadeiras, temos, então, uma linda história de amor para contar.

Se as pessoas emissora e objeto das afirmações acima não estiverem juntas, a única conclusão possível  é de que, pelo menos uma, dentre as três alternativas, não é verdadeira. Pode ser que mais de uma seja falsa. Pode ser que todas sejam falsas. Não importa(m) qual(is).

Certeza mesmo só de que houve uma mentira.


PS: Post totalmente inspirado num SMS da minha amiga REAL Miriane Segalla.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quase amor

Quase amor é aquilo que fica na linha tênue que divide o lado em que cada um segue sua vida normalmente e o lado em que não se pode mais viver sem. Um quase amor é aquele que, se não te liga no dia seguinte, tudo bem. Se te liga, tudo ótimo! E, quando liga, um sorriso de canto de boca surge. Um quase amor é aquele que a gente adora reencontrar, com quem a conversa flui simples e natural, com quem se divide até o pé na bunda que ainda dói. Só um quase amor é capaz de arrancar sorrisos no meio de uma história triste e de arrancar lágrimas numa gargalhada. Um quase amor faz um domingo feliz, uma noite inesquecível e muita história pra contar. Um quase amor vira doce recordação, vira filme na memória, vira post. Um quase amor faz a vida doce sem a pretensão de perenidade. Ele é inteiramente consumido no instante em que acontece. Sem futuro, sem depois, sem amanhãs, sem projetos, sem mais nada. Ele é quase, sem promessas, sem alarde, sem família.. É leve e doce como o amor deveria ser, mas não é amor. É quase. São olhos que se olham, mãos que se procuram e se encontram, são lábios que se beijam, são como no poema do Manuel Bandeira, os corpos se entendem, as almas nem se tocam. Um quase amor tinha tudo para ser amor: admiração, companheirismo, intimidade, leveza... Tinha tudo para ser só amizade. Só que prefere ficar ali no limbo do meio do caminho. Um quase amor é aquela história legal de contar: divertida, engraçada, sem mágoas, sem ressentimentos, sem culpados, sem dor. É sempre feliz o final de um quase amor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Espírito de férias...

"Quando nos perdemos um do outro, ganhamos o direito de buscar de novo - e encontrar - um outro outro. Esse vácuo que se abre quando o outro se vai não deve ser preenchido com tristezas nem com restos de um passado que já não há. Esse espaço que o outro desocupou - até que enfim - agora é só teu. Cubra-o, portanto, de alegria, de paixões e de aventura". (Edson Marques)
 
E as férias começam em 3, 2, 1...

sábado, 10 de novembro de 2012

Nove de novembro pela terceira vez

Thi,

Ontem teria sido seu aniversário de 31 anos. Ontem teria sido um dia de festa, de encontrar muitos amigos, de beber muita cerveja e de comemorar. Ainda mais sendo uma sexta. Ontem teria sido um dia inteiramente seu, de acordá-lo com muitos beijos, de enchê-lo de surpresinhas durante o dia, de fazê-lo sorrir. Mas não, não quero mais falar desse futuro do presente tão doce e nostálgico até. Queria mesmo apenas agradecer.

Motivos não me faltam. Queria agradecer por ter tido você em minha vida de uma maneira tão integral e perfeita. Agradecer por esse amor incondicional e persistente e resistente e forte. Agradecer por me deixar claro como se comporta um homem quando ama de verdade uma mulher, por me fazer ver o quanto brilham os olhos de um cara apaixonado, o quanto o sorriso é aberto e sincero, o quanto a vida dele enrosca na da mulher que ama num nó cego que nem tempo, nem distância, nem a morte é capaz de desfazer. Nem a morte! Ainda me sinto amada por você.

Queria agradecer pelos filhos que fizemos juntos, fruto desse amor que não cabia mais em nós e precisava transbordar. Agradecer pela sua insistência para que tivéssemos logo mais de um e o Thomás tá aqui, enchendo nossa vida de alegria com seu bom humor herdado inteiramente de você. Agradecer pela família que somos e seremos para sempre. Agradecer pela mulher que você me fez ser na vida e após a morte. Você ainda me amaria do mesmo jeito se me visse resolvida e independente assim? Acho que sim...

Queria agradecer por me fazer tão feliz durante tanto tempo. Tão feliz a ponto de nossos momentos abrirem sorrisos em mim até hoje, a ponto de serem as melhores histórias para contar para nossos filhos, a ponto de eu ter convicção hoje de que não mereço pouco, não mereço metade, não mereço morno. Agradecer por você, por esse amor, pela família e pela vida que tivemos juntos, por tudo isso que me fez e me faz mais forte, mais inteira, mais racional e decidida.

Muita saudade! Muito amor! Muita paz onde quer que você esteja!
Amamos você!

Moreninha, grandão e gorducho.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Parabéns

O mesmo janeiro trágico. Um aniversário em maio e outro em novembro. Duas crianças pequenas que inconscientemente foram porto seguro e fortaleza. A mesma dor, tantas lágrimas, tantos desabafos. A mesma verborragia pública. A mesma sensação de que o mundo era um lugar estranho sem aqueles que se foram. A mesma sensação de que nunca mais. Os mesmos medos e as mesmas responsabilidades. As mesmas nóias e a mesma vontade de ser feliz. Muitos sonhos parecidos,  muito o que dizer e dividir uma com a outra. De comentários nos blogs a emails diários, nos tornamos confidentes e muito amigas. Sim, AMIGAS!!! Sem nunca termos nos visto (o que está com dias contados)!!! Sinto-me extremamente honrada e feliz de fazer parte de uma parte da sua vida e adoro dividir os meus problemas e minhas alegrias com você (que agora são vocês, né?, com os dois). Você sempre tem uma palavra e um ponto de vista que eu preciso enxergar e, quando me expõe, eu penso: por que não pensei nisso antes? Tenho até hoje uma mensagem que você mandou no meu celular, dias depois de um momento difícil, dizendo que eu merecia mais. Quando estou pra baixo, eu releio, releio, releio para ver se interiorizo. Sei que daí, desses milhares de quilômetros que nos distanciam fisicamente, tem alguém que me entende perfeitamente. Não tinha como ser diferente com tanta coisa igual no nosso passado. TJ é TJ! E que bom que TJ!
 
Hoje, no seu dia de novembro, já com as coisas todas assentadas, já com a vida seguindo em frente com sua força inabalável, eu não preciso mais desejar sua felicidade porque ela é gerúndio. Eu desejo então um para sempre de contos de fadas, de comédia romântica, daqueles de suspirar. Desejo para você o mesmo que desejo para mim: o PARA SEMPRE!
 
Feliz Aniversário, Mirys!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Sobre o que é o amor, ele disse...


"Amor é foco. Amar é sentir que a vida se condensa em torno de um sentimento e de uma pessoa, e por isso se torna deliciosamente simples, tanto quanto intensa. As dúvidas e os problemas recuam para o segundo plano. O tédio, o medo, a confusão se dissolvem num grande sentimento claro e límpido. Ele é como o facho de luz que atravessa uma lente e se transforma, do outro lado, num único ponto rutilante." (Ivan Martins)

E eu estou inteiramente de acordo.