terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Quero é ver...

Bater em cachorro morto, qualquer um bate.

Quero ver é enfrentar a briga com cachorro bravo sem correr.
Quero ver é estar cara a cara com um pitbull e encarar.
Quero ver é sobreviver.
Muito mais que coragem, é preciso inteligência, jogo de cintura, determinação.
Não é fácil, não é pra qualquer um.

Vejo gente por aí que desiste, que desanima, que deixa pra lá.
Gente que desviou o caminho ou estacionou naquele lugar tem aos montes.
Gente que não conseguiu e olha para quem consegue sem entender, ô!, tá assim ó.
Gente que joga a âncora nesse momento difícil, meu amigo, vou te contar que conheço torrões.

Vejo, porém, gente por aí que encara um cachorro bravo, um leão, um dragão e um tiranossauro rex por dia.
Vejo gente por aí fazendo das tripas coração, dando nó em pingo d'água, carregando as toneladas da responsabilidade e da adultice que lhe chegaram às vezes cedo demais, às vezes por circunstâncias alheias às suas próprias vontades.
Vejo gente por aí sobrevivendo, lutando, vencendo e fazendo muito mais do que pode.
Vejo gente por aí digna de admiração e reverência.

Bater em cachorro morto, qualquer um bate.
Quero ver é lutar e vencer e continuar no caminho, apesar das feridas, apesar do que dói, apesar de tudo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Você reconhece quando a felicidade chega?

"Você reconhece a felicidade quando ela chega? Sabe que está sendo feliz naquele momento? Espere um pouco antes de responder. Pense de novo.

Estamos falando de felicidade! Não de uma alegria qualquer. E qual é a diferença? Bem, descrever a felicidade não é fácil. Ela é muito recatada. Não fica ali, posando para a foto, sabe? Mas um Manual de Reconhecimento da Felicidade diria mais ou menos o seguinte: Ela é mansa. Não faz barulho. Ao mesmo tempo é farta. Quando chega, ocupa um espaço danado. Apesar disso, você quase não repara que ela está ali. Se chamar a atenção, não é ela. É euforia. Alegria. A licenciosidade de uma noite de Carnaval. Ou um reles frenesi qualquer, disfarçado de felicidade.

A dita cuja é discreta. Discretíssima. E muito tranquila. Ela te faz dormir melhor. E olha, vou te contar uma coisa: a felicidade é inimiga da ansiedade. As duas não podem nem se ver. Essa é a melhor pista para o seu Manual de Reconhecimento da Felicidade. Se você se apaixonou e está naquela fase  de pura ansiedade, mesmo que esteja superfeliz, não é felicidade. É excitação. Paixonite. Quando a ansiedade for embora, pode ser que a felicidade chegue. Mas ninguém garante.

É temperamental, a felicidade. Não vem por qualquer coisa. E para ficar então... ih, não conheço nenhum caso de alguém que tenha tido por perto a vida inteira. Por isso é tão importante reconhecê-la quando ela chega. Entendeu agora por que a minha pergunta? Será que você sabe mesmo quando está feliz? Ou será que você só consegue saber que foi feliz quando a felicidade já passou?"

(Ana Paula Padrão in: Istoé de 22fev/2012)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Basta de "e se?"

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Valentine's day":

Menina do céu, que amor é esse? Mas posso te fazer uma pergunta? E se hoje o Thiago voltasse, como seria? É insensibilidade da minha parte te fazer essa pergunta? Se sim, desculpe-me.
Abraço, A.
(Identidade preservada)


Eu vivi durante algum tempo no fantástico mundo do futuro do pretérito, onde a minha vida poderia ser muitas outras coisas se não fosse o que é. Eram muitos SE, era muita imaginação, era sofrimento demais até.  Eu decidi que não, que bastava de olhar para trás, de imaginar como seria se, de pensar se ele estivesse aqui e resolvi seguir meu caminho.

Na despedida do Não quero merecer outro lugar, eu disse que aquele fora o capítulo mais feliz e mais triste de todos. E é verdade. Mas é sem jeito, sem volta, sem a mínima possibilidade de. As conjecturas e indagações do futuro do pretérito não me levam a lugar nenhum e nem me permitiam progredir, superar, vencer.

Assim como imaginar o futuro do pretérito me estancava a vida e trazia à baila uma cota de sofrimento que deveria ser amenizado, pensar no surreal é atiçar uma dor que eu jamais sentirei. Para quê, então, me questionar e me debater e me ferir com algo que nunca, jamais, em tempo algum será real?

Não se trata de uma ausência, de um sumiço, de alguém que se perdeu nesse mundo ao deus dará... A morte é o maior de todos os exaurimentos, é o beco sem saída e sem retorno, é a pior de todas as separações, é o silêncio da resposta que nunca se ouve. A morte é o fim de tudo que um dia existiu, sem apelo, sem revisão, sem amenizações. A morte repentina é a brutalidade da despedida dolorida estapeando a nossa cara.

Depois que se aprende a conviver com sua irreversibilidade, depois que se ameniza aquilo tudo que doeu exaustivamente, depois de fazer caber dentro de si o que antes era sangria, depois de ter estancado, colado os caquinhos, depois de se por de pé de novo, pra quê pensar numa coisa dessas???

Não! Desculpe-me, A., mas não, nunca pensei, nem vou pensar nisso. A vida é o que é e eu aprendi, a duras penas, aos trancos e barrancos, que só importa o que é agora, já. Ser feliz é prioridade e escolha. Eu escolho apenas isso, todos os dias.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Valentine's day

No ano passado eu publiquei nessa data uma música da India Arie, com a citação do verso seguinte: "You and I can find what the world's been looking for forever: friendship and love together". E, pouco tempo depois, eu escrevi um texto afirmando que gostar de alguém é a mais difícil das conquistas. Não mudei de opinião.

Gostar de alguém é a mais difícil das conquistas porque não é lógica e também não depende de esforço pessoal. Não há nada que se possa fazer para que isso aconteça, para que o sentimento surja, para que o coração dispare. Não há como se obrigar a sentir o que se quer sentir, bem como não há como evitar o que se sente. Gostar de alguém é apostar no imponderável da vida, é estar disponível para felicidade, é arriscar alto sem garantias.

Pode ser um esbarrão no meio de uma livraria, pode ser a internet juntando gente que jamais se encontraria, pode ser na carteira ao lado na escola, pode ser aquela pessoa que segurou sua mão quando o ônibus deu uma freiada, pode ser num cruzamento, numa esquina, pode ser depois de se ter a certeza de que o amor não aconteceria mais na sua vida. O amor acontece. Em qualquer lugar, ele acontece. E, via de regra, acontece sem mais nem menos, sem se esperar.

A vida dá bons indícios quando o amor se faz presente. Sabe aquela sensação de que as conversas não deveriam acabar? Sabe a primeira pessoa que você pensa em ligar quando tudo dá errado/certo? Sabe aquela pessoa que tem o ombro mais acolhedor e o abraço mais tranquilizador do mundo inteiro? Sabe com quem você sonha estar perto todos os dias? Sabe em quem se pensa ao abrir os olhos de manhã e nos últimos segundos antes de fechá-los à noite? Sabe o que diz o trecho da música? Muitas vezes, o amor surge depois de uma amizade muito íntima e muito sincera.

Pode parecer clichê, piegas, ridículo e até demasiado pueril persistir nessa crença quando se vive num mundo de céticos e amargurados. Porém, como testemunha e prova da imponderabilidade do amor, resta-me somente a rendição ao seu poder e à sua capacidade de ressignificar a vida, de fazer com que se enxergue e se viva a felicidade, de impulsionar a superação das piores marcas e cicatrizes que se carrega e, por fim, fazer cada indivíduo se sentir único e especial pelo simples fato de que é amado por alguém.

"Quem inventou o amor
teve certamente inclinações musicais...

Quantas canções parecidas e tão desiguais?
Como as coisas da vida,
coisas que são parecidas feito impressões digitais...

No violão, essa mesma subida.
Na voz, a rima de sempre.
Coração, essa mesma batida,
que bate tão diferente
quando acontece com a gente
o mesmo amor
é um amor diferente demais.

Quem inventou o amor
teve certamente inclinações musicais..."
(Inclinações musicais - Geraldo Azevedo)


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Matemática Interpessoal

Eu vi esses dias, alguém postou no Facebook uma frase de um professor de matemática que dizia basicamente que, se ficar difícil demais, provavelmente está errado. Acredito que algumas coisas exigem esforço, um tanto de paciência e persistência até que dêem certo. É preciso gastar sola de sapato e saliva, é preciso bater pé e insistir muito. É preciso coragem e muita, muita força de vontade. Isso vale para o lado profissional, para os concurseiros, para a burocracia que nos engole, para as coisas objetivas da vida, enfim.

O que eu pensei, ao ler a frase do professor, foi que isso pode ser de serventia para quando o assunto é de coração, aquilo tudo que é subjetivo demais, sensível e latente. Se a coisa fica por muito tempo embolada, confusa, pesada, é porque provavelmente é barca furada, murro em ponta de faca, bater de cabeça na parede, é insistência, é relutância em acatar a obviedade do 'não deu'. Baseada na minha percepção de alguns relacionamentos, especialmente de amigas e conhecidas que estão sofrendo, o que se vê é o estereótipo dos kamikazes do amor, aqueles que não sabem desistir; creem (senso comum) que amor exige um cota de sofrimento; sentem que se purificam ao sofrer (muito) por amor; insistem, a despeito das inúmeras equações que não fecham; permanecem, apesar de se sentirem infelizes; e continuam na esperança de dias melhores, da mutação dos parceiros, do reconhecimento da prova de amor pela dor.

Eu não sei quando é chegada a hora de ser dar para trás, até porque o limite de cada um é ponto de reconhecimento pessoal, individualíssimo e inexorável. Nem estou aqui apregoando que se desista no primeiro obstáculo, afinal conviver é difícil e requer cessões e compreensão mútua. A vida, no mais das vezes, impõe desafios para os quais é preciso se readaptar como indivíduo e como casal, até para que as coisas continuem funcionando. Muitas vezes, a relação se desgasta pelo tempo, pela rotina, é engolida pelos papéis sociais que as pessoas desempenham, muito embora o amor ainda esteja ali. É preciso também saber se reinventar para manter a chama acesa. É trabalho contínuo, permanente, eterno, esse de manter o interesse do outro e pelo outro.

O que eu sei é que numa relação amorosa o ideal é que as pessoas se façam felizes umas às outras, que sintam prazer na companhia, que brilhem os olhos, que se abram os sorrisos, que as mãos se segurem e que esses momentos sejam a maioria. Quando o relacionamento está partido; quando as palavras desaparecem e o silêncio impera; quando sentam-se à mesa sem, ao menos, se olharem nos olhos; quando os assuntos se esgotam; quando se abre a boca apenas para a troca de farpas ou tão somente para discutir aquelas coisas objetivas da vida; quando os beijos são secos e rápidos; quando não se reconhecem nem se admiram; não sei, acho que são bons indícios de que é o momento de se reavaliar para onde caminham e o que querem fazer da vida.

É até fácil perceber, no meio do cálculo, que a equação não vai ser resolvida. É possível apagar e começar de novo, de um jeito diferente e que leve à resposta correta, à solução do problema. O que é importante, porém, é saber reconhecer quando o caminho escolhido não vai resolver o problema matemático ou, ainda, quando o resultado final encontrado não bate com nehuma das alternativas de respostas. É essencial, nesses casos, perceber que, diante da imutabilidade do resultado, não há insistência, sofrimento, prova de amor, esperança que dê jeito. Num relacionamento, as respostas podem ser múltiplas, é verdade. Há variadas formas de se relacionar e todas elas são válidas e legítimas. O que não dá é tentar encontrar a resposta indefinidamente, apagando e começando de novo até rasgar o papel. O que não dá é se conformar com muito menos do que se quer, aceitando uma resposta errada só porque o raciocínio lógico utilizado tem um quê de razoabilidade. O que não dá é viver infeliz, esperando por algo que não vai acontecer, pelo simples fato de que o resultado da equação está errado.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

é isso...


...eu te quero tanto bem, e é um bem de fazer cafuné no seu cabelo e de te deixar cruzar o oceano em busca dos seus sonhos. Um bem quentinho quando te vejo dormir e certeza de que a felicidade é a colcha da nossa cama.

Nosso mundo se mistura porque somos inteiros entrelaçados, feito trança de cabelo, nada de metades que se completam, somos inteiros que escolheram viver de mãos dadas, dividindo idéias, discordando de atitudes, desamarrando nossos burros juntos. Se tudo fosse muito certo, alguma coisa estaria seriamente errada.

A gente se contradiz, a gente é aprendiz, palhaço, bailarina, poeta, flor, mas somos de verdade, não viramos personagem. Somos mistura de realidade e lirismo, de lágrimas e sorrisos, de abraços e despedidas, de gaiolas abertas, escolha certa, coração nos olhos, somos a semente do impossível plantada no solo da eternidade...


Trecho do texto: Nossos retalhos

Renata Fagundes

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O pai que ele era...

Tava fazendo uma limpeza na minha caixa de emails e encontrei isso aqui. O título bem poderia integrar a série "Rindo com Matheus", mas eu preferi ressaltar o orgulho da paternidade tão inerente ao Thiago.


From: Thiago Castro
To: marcelcastromoraes
CC: marcelealencar; alessandracrisostomo; recastromoraes
Subject: Comédias do Matheus
Date: Mon, 21 Dec 2009 12:59:19 -0300

As últimas do Matheus:
 
Cheguei hj pela manhã com um panetone que ganhei de um paciente. Estava dentro de uma lata. Ele viu e logo pediu pra abrir para ver o que tinha dentro. Depois que abriu e tirou o panetone, correu e pegou o cofre - também em lata - que temos aqui em casa. Logo falou: papai, abre aqui essa lata também. Eu disse: pra abrir, tem que ter a chave. E ele logo respondeu: mas eu já coloquei a chave aí dentro, Papai! hehehehehehe
 
Na hora do almoço, foi comer "macarrões de letrinha", que a Cele comprou pra ver se melhora o apetite. Começou a falar as letras: T de "Thomás" e de "Papai". H de quê, mãe? A Cele disse: de HOJE. Ele: de quê mais? Cele: de HELICÓPTERO. Ele: de quê mais? Cele ficou pensando... Ele: não sabe, mãe? Vc tá esquecendo! A Cele falou: H de quê, então? Ele disse: de vizinho da Vovó Paula! NOTA: Agamenon é o esposo da Bidinha, vizinho da gente da Caponga e que costumamos chamar de Agá! hehehehehe
 
Ainda perguntam por que sou feliz e vivo dando risada pro vento! hehehehe
 
Thiago Castro