sábado, 31 de dezembro de 2011

Vem com tudo, 2012!!!

Então, 2011 se vai. O último dia do ano em que meu principal objetivo foi apenas colocar minha vida e minha alma  nos eixos . É meio que inevitável pensar no clichêzão global de que o futuro já começou, já é o resto da minha vida, já é o muito depois disso para o qual eu corri naquele ontem tão triste. Estou aqui inteira, de pé, amando a vida e as pessoas. Estou aqui apostando, arriscando de novo, tentando com força e observando e absorvendo e agradecendo cada presente que a vida me dá. Estou aqui, ainda segurando firme as mãos dos pequenos, batendo os saltos no chão, com um sorriso no rosto e o coração aquecido, buscando aquilo que justifica a minha existência: a felicidade.

Não cabe a nós entender ou questionar o que nos é imposto. Nem sempre é possível compreender dentro de uma lógica racional, em que somas e subtrações só podem apresentar um único resultado. Não há como se comparar ou equacionar o que se perdeu e o que se ganhou na vida. O que vale é saber que, no cômputo das perdas e das vitórias, há lições de vida, aprendizado. O que vale é perceber que existem coisas boas que só acontecem porque coisas ruins as precederam. O que vale é continuar lutando a despeito de tudo e ainda que se acredite que a força se exauriu. O que vale, e só vale, é viver, muito além de existir e muito mais além de sobreviver.

Então, eu desejo persistência para aqueles que se sentem cansados do caminhar. Desejo alegria para os que ainda choram. Desejo resignação e conformação para os que se revoltam com os desígnios superiores. Desejo norte para os que se encontram perdidos. Desejo paz e silêncio para os que estão no olho do furacão. Desejo amor para os que vivem em solidão. Desejo o conforto do abraço para os desamparados de tudo. Desejo saúde para quem se encontra privado dela. Desejo prosperidade para os que trabalham com afinco e honestidade. Desejo sucesso e sorte para todo mundo. Mais que isso tudo, para vocês e para mim e para os meus, eu desejo que cada sonho se concretize e a felicidade perene que exsurge de saber dar valor ao que se tem e ao que se é.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Confissão

A esperança sempre me moveu para frente. A fé de que havia coisas boas esperando por mim, o brilho no olhar de quem está caminhando com a certeza de que vai encontrar o que há de melhor e com a sensação de que a história que se está construindo é linda e única. Há em mim um otimismo permanente e a filosofia de que tudo só vale a pena se for para fazer feliz.

Pois bem, depois do janeiro trágico esses dias de fim de ano, de balanço e de reflexão me deixam para baixo, tonta, meio descrente e com a sensação de solidão e vazio. O coração fica minúsculo, um peso nas costas, um aperto no peito que me impede de inspirar profundo e sorrir, os olhos marejados e uma tristeza que, meu Deus, nem parece que sou eu.

Não sei se é por conta da percepção do quanto o tempo correu, daquilo que perdi, daquilo que nunca mais será, não sei se há um embotamento daquilo que é e que se tem, não sei se é a completa falta de perspectiva e de planejamento, de desejos para o futuro que está aí, batendo à porta e trazendo mais um janeiro. Não sei...

O que eu sei é que eu não me reconheço em mim nesses dias em que os fogos explodem no céu e as lágrimas me molham. Eu não me reconheço nessa mulher mais triste, mais pra baixo; mas eu desejo que ela seja apenas reflexo daquela menina de quem tiraram tudo quando tudo estava devidamente organizado. Eu espero que seja só esse período, só o janeiro chegando de novo, só um momento...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Desabafo de fim de ano

Ver o ano virar traz essa sensação de zerar os ponteiros, de começar tudo de novo, de renovar a esperança, de traçar novos projetos, de fazer pedidos e promessas... Ver o ano virar faz com que agradeçamos pelo que existe, por estarmos bem e com pessoas muito queridas ao lado, faz com que vejamos a dádiva que é a vida e seu correr no tempo... Ver o ano virar faz com que reflitamos também sobre o passado, sobre os saldos, sobre o que se viveu...
 
Pois bem. Eu também sinto tudo isso, mas confesso que, nessa última semana do ano, tenho pensado que em 2012 eu me tornarei mais uma balzaca. Os cabelos brancos, a pele flácida na pálpebra superior, as rugas ao redor da boca, as dobrinhas na barriga e o bumbum meio mole já haviam me alertado sobre o passar dos anos. Definitivamente, em 2012 eu serei uma mulher de trinta.
 
Aí, muitas vezes, eu me pego me sentindo muito, muito, muito mais velha. Enquanto as meninas da minha idade namoram, planejam casamentos e filhos, se despedem ou aproveitam a vida de solteira, sofrem e amam, viajam, farreiam, bebem, badalam na night, gastam (muito!) com roupas e sapatos e maquiagens, eu me pego preocupada com trocentas responsabilidades outras: orçamento familiar, matrícula e material escolar, prestação de apartamento... Eu me vejo constantemente somando e subtraindo números em busca de proporcionar o melhor para os pequenos e o mínimo para mim; fazendo cálculos mirabolantes no começo do mês e participando do "se vira nos 30" no final. É claro que tudo isso é, em parte, escolha pessoal e, em parte, surpresa do destino. É claro que eu não me arrependo de ser quem eu sou e de estar aqui.
 
Porém, ainda existe aqui a menina que eu sempre fui, disfarçada nesse corpo de mulher-mãe-advogada-donadecasa. Uma menina que precisa de colo, precisa de afago, precisa chorar (muitas vezes), precisa brincar e espairecer, precisa dividir o peso... Uma menina cheia de sonhos e ideais românticos e vontade de ser feliz. Aqui dentro mora uma menina que ainda acha que tem a vida inteira pela frente e acredita que há surpresas muito boas reservadas para ela num futuro próximo. Há uma menina em mim que carrega bravamente muito mais do que é capaz, equilibrando muitos pratos sobre varas e dançando o rebolation a fim de evitar que tudo vá ao chão. Às vezes, ela anda cabisbaixa, chutando pedrinhas; mas, em outras, sorri bonito, enrugando os olhos. A menina que mora em mim me faz encarar as coisas com leveza e a mulher me coloca os pés no chão e me dá opiniões formadas sobre tudo. A menina me diz que o que importa é ser feliz hoje e quer tudo para já. A mulher me impõe responsabilidades e previdência e me manda pensar cada vez mais no amanhã e me preparar para os nãos da vida. A menina se entrega, se joga, age no impulso e na vontade; e a mulher pondera, exige, reflete.
 
Talvez, chegar aos trinta seja realmente estar nesse meio do caminho, nesse ponto em que a juventude e a maturidade convergem e disputam espaço. Muito embora eu saiba que fui empurrada para o lado de lá há alguns anos, muito embora eu perceba o quanto a vida me exigiu sapiência financeira-intelectual-psicológica no tranco, eu continuo com alguns resquícios juvenis, que ainda me amarram a uma parte da minha vida que se vai cada vez mais de mim. Diante disso, eu desejo apenas não perder o brilho no olhar, o sorriso de menina, a fé que me empurra para frente mesmo carregando todos os pesares e apesares, e a esperança de dias melhores. Desejo que seja leve e que seja doce e que tenha paz. E isso é tudo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nexo - Por Ana Jácomo

Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias tiveram um propósito maior na minha vida do que muitas vezes eu soube, pude, aceitei, ler. Parece-me, agora, que cada uma, no seu próprio tempo, do seu próprio modo, veio somar para que eu chegasse até aqui, embora algumas vezes, no calor da emoção da vez, eu tenha me rendido à enganosa impressão de que veio subtrair. A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço, mas que eu tenho aprendido a respeitar, cada vez com mais fé e liberdade.
 
O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver. A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos.
 
Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor.
 
Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Desejos

É um tempo em que bate uma certa nostalgia. É um tempo em que se faz reflexões sobre a vida. É um tempo em que se tem saudade dos que não existem mais. É um tempo de doce recordações infantis. É um tempo de ver olhinhos brilharem esperando pelo tão sonhado presente do Papai Noel. É um tempo muito feliz e triste ao mesmo tempo. Tempo de agradecer e de desejar. Tempo de rezar e amar. Tempo de sentir-se vivo e abençoado. É um tempo muito especial o Natal.

Confesso que me animo, que entro no clima e que adoro.Confesso que enfeito a casa com verde, vermelho e dourado, ponho guirlanda na porta, luzinhas na varanda, árvore com presentes embaixo. Confesso que fico mais sensível e mais tocada, mais chorona e muito nostálgica. É óbvio que há uma saudade aqui, uma dor que dói de qualquer jeito. É óbvio que há muita alegria e amor em cada um dos meus dias e nesse não poderia ser diferente. É evidente que me alegro em proporcionar o sentimento natalino para os meus pequenos. Por esses e por tantos outros motivos, neste Natal eu quero agradecer.

Agradecer por ter vivido intensamente o que me foi imposto, o que me foi dado e o que eu optei por viver, por ter sofrido, por ter amado e por ter superado. Agradecer por ter tido pessoas por perto, muitos amigos verdadeiros, gente que segurou minha mão, secou minhas lágrimas, ofereceu o ombro, o braço, a mão, conselhos, a vida. Quero agradecer por ter encontrado muitos outros motivos para sorriso, por sentir meu coração aquecido nesse momento, por saber que a minha vida continua linda e por ter certeza de que a felicidade é hoje, é a todo momento, é pra já e é uma escolha que compete somente a mim.

E eu queria ainda e mais que tudo desejar a cada um de vocês que me leem, a cada um daqueles que convivem comigo e com os pequenos, para cada um dos que torcem silenciosa e anonimamente por mim e pelos meus, apenas e tão somente que a vida de vocês seja doce, que ela lhes reserve surpresas lindas de viver, cheias de sorrisos e de esperança, do melhor que há no mundo e que, se em algum momento não for tudo azul, que tenham alguém para dizer "you can stand under my umbrella", alguém que enfrente todos os percalços e que, neste momento mais difícil, que saibam que a força que se tem é infinitamente maior que a que se imagina ter. Desejo a percepção de que é uma benção estar vivo e saudável e que ela não é dada para todos e que isso seja motivo de agradecimento. Desejo que saibam aproveitar cada um dos momentos felizes que o próximo ano guarda para cada um de nós, que seja fácil dizer o quanto se ama quem amamos e que digam e repitam sempre. Desejo que vocês tenham muitos e queridos ao lado e que cada dia deitem tranquilos e cansados sabendo que ainda há melhor no porvir!

Feliz Natal, meus queridos!
Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Falsas Ameaças

(Por Ana Jácomo)
 
Na dúvida, atirou.
 
Só depois que o suposto adversário caiu, percebeu que aquilo que ele carregava, aquilo que jurou ser uma arma ao olhar de longe, os olhos atrapalhados pelo nevoeiro da confusão, aquilo não era arma nenhuma.
 
Aquilo era só e era muito uma flor.
 
Antes de atirar e talvez ferir amores, é sábio arriscar alguns passos e deixar o coração chegar mais perto pra ver melhor. Pra ver além.
 
Muitas vezes, o único inimigo, a verdadeira ameaça que nos desafia por mais mentirosa que seja, é o nosso medo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O que fazemos da vida?

Quando lidamos com a inevitabilidade e com a força da morte é que entendemos quão efêmera é a vida. Quando a morte bate à nossa porta, mostrando seu poder, é que percebemos que não somos senhores de nada, não cabe a nós decidir quanto tempo temos, não nos é dado de antemão conhecer o que nos espera, o que seremos e por quanto tempo. Muitas vezes, embasbacados pela soberba de simplesmente estar saudável e vivo, acabamos por esquecer daquilo que efetivamente importa, do que deveria ser exaltado, compartilhado, vivenciado. Somos/ficamos embriagados em rotinas maçantes, em correrias impostas, em obrigações pesarosas e infelizes; somos tragados por um dia-a-dia extremamente veloz, em que tudo é urgente, tudo é pra já.
 
Ontem foi a missa de sétimo dia da avó do Thi, Dona Hilda Crisóstomo de Morais. Uma vida que já vinha há muito se apagando pela debilidade natural da avançada idade. Coincidentemente, ouvi num programa de TV alguém dizer que cada um de nós só tem essa vida e que é preciso fazer coisas boas com o tempo que nos é ofertado. Diante desses dois acontecimentos, eu refleti. Não seremos jamais todos grande benfeitores, lembrados por nossos gestos de boa vontade, nosso voluntariado e desprendimento. Não seremos jamais todos reverenciados por nossa contribuição para a diminuição da pobreza ou pela cura de alguma doença grave. Excepcionalmente, alguém alcançará um grande feito.
 
Por isso mesmo, eu falo de pequenas coisas, pequenos gestos que podem tornar melhor a vida, a convivência com as pessoas, principalmente aquelas que nos cercam na correria cotidiana, e podem também servir de exemplo para aqueles que olham para nós, absorvem o que fazemos e se espelham naquilo que veem. Eu falo de dedicação para com os amigos, de proximidade, de solidariedade, de estender a mão, de demonstrar o afeto, de estar presente na vida das pessoas; porque este, sim, é o maior presente de todos: a presença na vida. Eu falo de ser ouvido, ombro, companhia, pau para toda obra, conselheiro; porque isso, sim, é que faz com que contem conosco. Eu falo de educação, bons modos, gentileza, sorriso; porque isto, sim, torna a vida em comunidade mais fácil. Eu falo de previdência, precaução, calma e tranquilidade nos momentos de tensão (que são muitos e pelos mais variados motivos). Eu falo de amor, de falar de amor, de demonstrar o amor, de respeitar o outro na sua individualidade e completude e amá-lo ainda que se divirja em muitos pontos. Eu falo de respeito para com o próximo, respeito por suas escolhas, respeito por suas opções, respeito por seu jeito de ser e existir. Eu falo daquilo que qualquer um pode fazer, daquilo que é para todos, daquilo que está aí, e que, muitas vezes, nem nos obriga a agir, bastando apenas deixar acontecer.
 
Então, a vida é limitada e efêmera e frágil. Estamos todos por um fio e nem nos damos conta disso. O que é feito do nosso tempo? Quanto mais tempo teremos para viver?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Casamento da minha melhor amiga


Há muitos anos (Suellen, Stephane, eu, Juliana - atrás do copo, Debbie
embaixo: Erica, Lanuzza e Edilane)

Há muitos anos... Em sentido horário, começando pela mocinha sentada:
Juliana, Stephane, Erica, Edilane, eu e Lanuzza

Em cima: Caliny, Edilane, Lanuzza, Juliana
Embaixo: Eu, Erica e Suellen


Lanuzza, Suellen, Erica, Debbie, eu e Edilane

Coisa boa na vida é ter amigo. Coisa boa é dividir com eles as alegrias, os melhores momentos, as datas mais inesquecíveis. Coisa boa é ter gente com a gente pelo caminho dessa vida.

Esse fim de semana foi o casamento da Debbie e eu transbordei de felicidade. Tudo que eu tinha para dizer para ela, sobre a festa e os meus mais sinceros desejos para que esse casamento seja muito feliz eu já dissse. Seria uma repetição apenas. Então, mais uma vez, parabéns, amiga! Festa linda com gente linda. Desejo o que há de melhor no mundo para vocês!

Te amo!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Apesar de

Há um certo descompasso entre a vida que se sonha e a vida que se leva. Descompasso não só naquilo que se projeta, que se planeja, que se deseja; mas também em relação ao que se faz cotidianamente, que, invariavelmente, destoa do que se queria fazer. Desafio é colocar nossas expectativas em posição plausível sem deixar de sonhar alto. Desafio grande é lidar com as frustrações corriqueiras sem nos deixar abater, sem desistir. Desafio mesmo é persistir correndo atrás quando tudo parece perdido. Viver é desafio, é risco, é para os fortes.
 
"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive, muitas vezes, é o próprio apesar de que nos empurra pra frente" (Clarice Lispector)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um mês


No meio de tantas incertezas, desilusões e dores excruciantes, eu tinha algumas certezas. Dentre elas, de que esse momento chegaria. Eu não sabia que a minha vida real seria parecida com um roteiro de novela, mas eu sentia que este sentimento estaria aqui dentro de mim. 
E, sabe, eu nem queria resistir, eu queria que ele me pegasse e me revirasse inteira, que devolvesse sabor aos dias, cores à vida, ar aos pulmões e que fizesse de mim alguém que vive, não apenas sobrevive. Diante desse poder restaurador, qualquer resistência torna-se perda de tempo, qualquer parede de proteção torna-se de vento, qualquer cadeado, por meio do qual se tranque, torna-se frágil e quebrantável.
Fui envolvida leve e despretensiosamente por você e, então, o tempo passou a correr diferente: um dia parece pouco e os ponteiros passam ligeiro quando na presença; um dia parece muito e se arrasta infinito quando na saudade. Qualquer senão foi dissolvido na meiguice e na doçura das palavras que viajaram quilômetros, na companhia cotidiana, na alegria da corujice, nas fantasias mais íntimas, na vida que se compartilha na certeza de que a vida só é vivida quando pode ser compartilhada.
Cada momento dividido é uma lembrança que se quer eternizada. Cada beijo dado é memória com desejo de muito mais. Cada olhar trocado, uma enxurrada de sentimentos que não têm fim. E, a cada dia, uma lição de companheirismo e parceria, em que se renova a promessa e a esperança desse amor. Em cada gesto, em cada ato, resta evidente a admiração pelo passado e pela história que está sendo escrita e a visão de um futuro mais bonito quando traçado lado a lado.
Inútil tentar expor de maneira racional e lógica aquilo que só se sabe sentir. Inútil buscar amparo na razão para justificar aquilo que descompassa o ritmo cardíaco. Eu já disse: coração é bicho besta para surpresa agradável e, diante da surpresa de ter você em minha vida, "estranho seria se eu não me apaixonasse por você".
Eu soube desde muito cedo que era coisa feita para durar. Eu senti desde muito antes as cosquinhas no coração, e percebi quando se tornaram borboletas no estômago, e quando estas se tornaram um sentimento inequívoco que me confundia, e quando este se tornou esse amor lindo que me inunda todos os dias. Eu sou feliz porque você está aqui comigo, mocinho, e me pego logo depois de desejar boa noite para você, naqueles minutinhos antes de adormecer, agradecendo a Deus pelo nosso encontro, pelo nosso amor... Esse é só o primeiro mês desse sonho tão lindo. Te amo!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Hoje é o dia da Debbie, bebê!

É muito bom saber que se tem amigos da vida toda. É muito saber que se tem gente para quem correr, sobre cujo ombro se pode chorar. Gente que faz parte do que se é, do que se tornou ao longo dos anos. Gente que você ama como se fosse irmão mesmo. E é irmão porque se escolheu construir um vínculo de amor. Eu tenho alguns amigos assim. A Debbie (certeza) está no top five. Hoje é o aniversário dela e ela vai casar daqui dez dias. É inimaginável a alegria de ver uma de suas melhores amigas casar, com festão, com vestidão, com bolo e (humm....) bem casados!!!

Sobre ela, eu já falei aqui, aqui, aqui e aqui. Já falei do meu amor, do quanto considero preciosa essa amizade, do quanto ela é parte essencial da minha vida, do quanto sou grata por termos nos aproximado numa época em que minha vida mudou completamente e, quando ficou tudo de cabeça pra baixo, ela também esteve lá.

Hoje, a vida dela está mudando também, para melhor e por amor. Ela vai casar com um cara bacaníssimo, torcedor fanático do Ceará, num casamento sofisticado, daqueles de sonho, todo decorado em preto e branco (em homenagem ao time) e eu vou ser madrinha deles, num momento que, só de pensar, já me emociona.

Hoje é o aniversário, mas meus votos vão para além dessa data, porque eu sei o quanto ela sonhou com esse momento, porque eu sei o quanto ela sabia desde muito cedo que esse era o homem da vida dela, porque eu sei o quanto este será o dia mais importante da vida dela e eu estarei lá.

Desejo que a vida a dois seja doce, seja leve, seja cúmplice e sempre muito feliz. Desejo que haja sempre energia e paciência para superar os obstáculos que, por ventura, apareçam no caminho. Que a alegria do encontro e da vida compartilhada lhes sejam constantes. Que o olhar de um encontre no do outro a segurança e a paz do amor correspondido. Que os sorrisos divididos sejam estímulo e motivação para a caminhada longa do casamento eterno. Que o amor que os une hoje seja sempre presente em cada gesto e em cada atitude. Que a admiração mútua não definhe, não diminua e que vocês descubram, na convivência íntima, muitos mais motivos para amarem um ao outro. Que cada dia passado junto seja de extrema felicidade e que a vida seja generosa propiciando a chegada de dois saudáveis pimpolhos como vocês planejam e que, sem dúvida, encherão ainda mais de amor o lar que vocês construírão.

Eu sou testemunha desse amor, eu sou fã dessa dupla, eu sou amiga de muitos anos e eu estou radiante de felicidade por tê-los e por compartilhar da felicidade de vocês.

Parabéns, Debbie! Te amo!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lições de 2011*

Eu comecei 2011 no afã de que ele passasse mansinho. Comecei com o peso da tragédia que fez aniversário em janeiro, mas pedindo que ele corresse tranqüilo, sem sustos, sem sobressaltos. Eu bati meus pés em 2011 com a frase do Caio Fernando Abreu em mente: não precisa me surpreender, basta não me decepcionar.

Para o ano que se iniciava, era uma tarefa bem fácil ser melhor que 2010, quando meu mundo desmoronou. Sem expectativas, sem anseios, sem apostas, sem sonhos, 2011 tinha tudo para ser um ano normal, daqueles bem sem sal, nada demais para recordar. Não houve promessas de Ano Novo, não houve pedido para o Papai Noel nem na hora da virada, não houve olhos fechados e oração para ser feliz, como eu costumava fazer até então. Eu só queria que ele gastasse suas horas, seus dias, suas semanas, seu meses até o fim, sem jogar minha vida no olho do furacão de novo. Lembro-me bem de um certo pânico no início e um cambalear da esperança que sempre me moveu, lembro-me do desejo que 2011 começasse e passasse, trazendo no seu tempo a superação, a resiliência e a vida nos eixos de que eu tanto precisava.

Porém, a vida é bordadeira de surpresas e nós não temos mesmo controle algum sobre o futuro. A vida é, por si só, cheia de acasos, de curvas no meio do caminho, de rotas contraditórias... É assim, caminhando, que se percebe que aquilo que parece completamente sem sentido no momento inicial acaba fazendo muito sentido lá na frente. Cada viés, cada revés, cada reviravolta que ela dá, traz em si um ensinamento; e é justamente no aprendizado diuturno que acabamos nos tornando mais capazes e preparados para encarar, reconhecer e agradecer o que é ofertado pelo caminho.

Nem sempre o que vem é o que se quer, nem sempre é do jeito que se planejou, nem sempre nossos desejos mais íntimos e mais verdadeiros são satisfeitos pelo simples fato de que não depende exclusivamente da nossa vontade e do nosso esforço. Mas ainda assim, vale a pena.

Eu não estava preparada para 2011, mas ele tinha muito mais reservado para mim e eu tinha esse anseio de conseguir superar e essa vontade danada de ser feliz de novo. Muito mais que calmaria, muito mais que paz, muito mais que recomeço, muito mais que mansidão, 2011 foi um ano de grandes lições. Tenho um rol de ensinamentos deste ano e divido com vocês:

Eu aprendi em 2011 que a m(p)aternidade é o maior de todos os amores que podemos sentir e que ele é capaz de operar milagres nas nossas vidas.

Eu aprendi em 2011 que coisas muito boas acontecem depois que coisas muito ruins aconteceram. É como recompensa, é como presente de Deus, é como anestésico que permite prosseguir, mas não tem nada a ver com merecimento. Ninguém merece coisas ruins, ninguém mesmo. E fazer tudo do jeito certo não significa estar imune a elas. Não nos é dado entender, mas é preciso olhar para frente SEMPRE com esperança.

Eu aprendi em 2011 que é preciso muito mais coragem para arriscar ser feliz de novo que para sobreviver ao pior momento, porque, depois da tempestade, há o medo, a dúvida, o incerto, a angústia e a insegurança de que o pior aconteça mais uma vez. Não é fácil ser feliz, mas é isso que justifica a nossa existência.

Eu aprendi em 2011 que é muito importante saber quem se tem na vida. A família estará por perto sempre, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Mais que isso: há amigos que são como irmãos e é maravilhoso compartilhar  a felicidade deles e essa é uma forma de ir tocando em frente quando a alegria de viver desaparece.

Eu aprendi em 2011 que é preciso muito pouco para que seja doce, basta sentir profundo e aceitar o que for bom, que surge em forma de presentes muito bem disfarçados pelo nosso caminho.

Eu aprendi em 2011 que eu não poderia estar em nenhum outro lugar, que cada dor e cada sorriso eram exatamente o que eu tinha de enfrentar; e  que há pessoas que entram nas nossas vidas para mudar o curso dos acontecimentos e para afagar nossa alma com o amor que acendem dentro de nós.

Eu aprendi em 2011 que é preciso paciência e persistência para que o sublime aconteça e que é permitido se sentir cansado de tudo no percurso, é permitido fraquejar.

Eu aprendi em 2011 que "não é impossível ser feliz depois que a gente cresce, é só mais complicado" e que tudo, absolutamente tudo, pode ser ressignificado, fazendo com que sejamos surpreendidos com o assalto da felicidade, aquela mesma que sempre se quis, que mais se buscou e que justifica nossa existência no mundo, aquela assim, no superlativo máximo possível.

* A Mirys me pediu para escrever um texto sobre o que eu aprendi em 2011, ei-lo. Depois, passem no blog dela, vai ter gente bogueira do bem escrevendo durante todo o mês de dezembro.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

#ficaadica

Mulheres inteligentes e caras pra lá de babacas

(Fernanda Mello)

Toda mulher que se preze já se apaixonou por um babaca. A história é quase sempre a mesma, o final também. A gente conhece um cara, ele se mostra doce, maravilhoso e bem resolvido. A gente – encantada – guarda a intuição no fundo da gaveta, veste o melhor decote (e o melhor sorriso) e sai linda, leve e solta para mais um capítulo cheio de frases mal contadas, celular desligado e eventuais sumiços. Verdade seja dita: a gente sente que tem alguma coisa errada, mas acaba fazendo vista grossa. E acha que está sensível demais, exigente demais, desconfiada demais. E deixa rolar. O resultado? O cara te enrola, te pede desculpas. Depois vacila de novo e te enche de presentes. Meninas, estou escrevendo este texto para eu mesma decorar. Imprimir. E nunca mais esquecer. A gente não pode sair por aí perdendo nosso tempo com esses babacas. Chega de desculpar tanto, de tampar o sol com a peneira. Quando um cara REALMENTE está afim de você, ele vai até o inferno por você. Essa verdade ninguém me tira. Não tem trabalho, família, futebol, amigos, crise existencial, nem celular sem bateria que façam com que ele – caso tenha educação e a mínima consideração – não tenha tempo de dizer um simples "oi". Isso não é pedir muito, concorda? O cara não precisa dar satisfação a toda hora, te ligar várias vezes por dia, isso é chato e acaba com qualquer romance. O que eu quero dizer é que mulher precisa de carinho. Atenção. E uma sacanagem bem-dosada. Se o sujeito vive brincando de esconde-esconde, não responde lindamente suas mensagens, não te chama pra sair com os amigos dele e nem tenta te agarrar quando você diz que está com uma lingerie de matar por debaixo da roupa, minha amiga, o negócio está feio. Muito feio. Confesso que não é tarefa fácil colocar um ponto final de uma hora pra outra nessas histórias. Somos seres românticos, abduzidos pelos finais felizes dos filmes e livros. A gente sempre acha que alguma coisa vai mudar, que ele vai perceber TUDO o que está perdendo e vai aparecer com flores na porta da nossa casa. Mas a realidade é diferente. Não somos a Julia Roberts, não estamos numa comédia romântica e, na vida real, homens são simples e previsíveis. Quando eles querem uma coisa, não há nada – nem ninguém – que os impeça. Portanto, anotem aí: quando um cara está afim de você, ele vai te ligar, ele vai te procurar, ele vai te beijar, ele vai querer estar sempre com as mãos em cima de você. Não sou radical, apenas cansei de dar desculpas pra erros que não são meus. Ou são. Afinal um cara babaca sempre dá pistas de que é babaca. Só não enxerga, quem não quer.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Fundamental é mesmo o amor

Eu sempre soube, mesmo quando mais doí, mesmo quando as lágrimas caíam aos montes, mesmo quando os soluços e o peso eram constantes. Eu sempre soube, mesmo quando a vida estava de pernas para o ar, mesmo quando o carrinho estava estacionado no ponto mais alto do looping da montanha russa. Mesmo quando eu desacreditei e duvidei e me perdi das certezas que me moveram para frente, eu sempre soube. Soube de um jeito pressentido, intuitivo, surreal até, eu sempre soube que esse momento chegaria. Eu sempre soube que a vida entraria nos eixos e que, para além disso, no momento certo, seria doce novamente. Sempre pressenti que a felicidade tomaria assento na minha rotina e que eu encontraria de novo um caminho para seguir, um caminho meu. Eu só não sabia como esse momento aconteceria, quando ele chegaria e nem sabia que você estaria aqui.
 
Eu não tinha certeza sobre que posição, no quebra-cabeça de personagens, você ocuparia, mas sabia que você era algo que tinha vindo para ficar. E, assim, sem que pudéssemos evitar, a vida foi fazendo laços entre nós, amarrando nossas vidas, fazendo ponto cruz nas situações doloridas por que passamos, pintando colorido as alegrias que dividimos e tecendo um bordado bonito de (vi)ver. Não, certamente eu não sabia que haveria esse cruzamento de linhas, que haveria esse sentimento entre nós. E, muito embora eu não soubesse, houve tantos sinais: o carinho genuíno, a identificação, a admiração, a sensação de ser compreendido, as conversas que não tinham fim, o conforto, o afago, o amparo, abraços apertados, os olhos que brilhavam e a certeza de se estar à vontade na presença um do outro.
 
Foi tudo muito natural e, sem percebermos, fomos ganhando importância e abrindo espaços um para o outro no dia-a-dia, na rotina que compartilhamos, nas lutas que enfrentamos de mãos dadas, ainda que à distância. De repente, confidentes, a principal companhia dos dias, a melhor coisa da rotina, gargalhadas que atravessavam a metade do país e uniam em sorriso nossos corações. De repente, não mais que de repente. E, no meio de tantas conversas, um sentimento surgiu, confundindo tudo e deixando muito evidente sua força e seu poder. Não foi escolha, foi simplesmente o que não se pode evitar.
 
Foi difícil até entendermos que era preciso aceitar o que era bom e que estava sendo ofertado naquele momento. Foi um encontro inesperado, mas foi mágico deixar esse sentimento surgir e fazer raiz. A felicidade veio bater à nossa porta com essa oferta de amor correspondido e, então, passou a ser só uma questão de permitir. E permitimos. As vezes em que tentamos colocar um ponto final com ares de definitividade, a ausência doeu como crise de abstinência e tornou impossível prosseguir sem. Era mais forte que a razão, era doce surpresa do coração, era insuportável a ausência, era evidente demais, inegável demais e não havia como esconder os rastros do que nos tomou. O amor se fez inteiro em nós e adoçou a vida, amansou o coração, devolveu a luz.
 
Amar você faz cada dia mais leve e mais bonito, faz o coração bater num ritmo que é nosso, faz a vida muito mais feliz. Amar você faz eu querer me despir dos medos e das inseguranças, faz eu querer ser melhor, mais altruísta, mais madura, e ainda ser menina e manter um olhar puro para o mundo. Amar você faz eu ter um sorriso aberto e permanente no rosto, uma alegria em sentir tanto, uma euforia por reconhecer em você esse mesmo amor. Amar você me tira um pouquinho do chão, devolve lirismo aos meus dias - antes tão cinzas, me faz ver poesia no trivial, me faz o coração descompassado a cada trimtrim do telefone. Amar você pinta desse azul mais bonito cada céu sob o qual eu ando e faz eu achar que é muito bom estar aqui agora só porque você existe no meu mundo.
 
 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A mudança de status

A mudança de status nas redes sociais é a parte menor da revolução que me acomete. A mudança de status é a parte que os do lado de fora conseguem ter acesso nesse mundo virtualmente conectado. A mudança de status é a pontinha da montanha de sentimentos que vibram aqui dentro. Meu coração bate descompassado, sim. Há borboletas que moram em mim. Há também um sorriso estampa e a sensação de que o mundo é muito mais bonito simplesmente porque existem aqueles dois olhos que brilham ao encontrarem os meus. Há alegria que redunda e extravaza em tudo aquilo que é correspondido. Há essa saudade antecipada do que é e também do que será. Há essa sensação de conforto e de abraço apertado, de mão que segura a mão e de ombro para descansar o peso dos dias. A mudança de status é o mínimo diante da grandeza de uma relação, é um trisco diante da certeza do sentimento, é um lapso diante da fortaleza que uniu. A mudança de status é mero detalhe diante de tudo aquilo que devolveu força, luz, som, cores e esperança à minha vida. Depois de muito tempo dividindo o peso que carregava nas costas com palavras também pesadas; agora, divido a leveza: namorando.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

De Gabito para Caio


 

 
Eu compartilho desse sentimento em relação ao Caio Fernando Abreu. Descobri-lo no final da adolescência foi incrível. Uma sensação desconcertante de entrar num mundo novo, onde os sentimentos se transferem para as palavras de uma forma imediata, sem intermediários e com muitas figuras de linguagem. É clara a influência dele na minha escrita, assim como na de Gabito, de quem também sou fã.
 
Concordo, Gabito, Caio está perdendo o melhor da festa. Hoje ele seria ícone pop e rico.
 

Carta aberta para Caio Fernando Abreu

Posted: 16 Nov 2011 03:05 PM PST



É assim, com um pouco de vergonha de admitir, que só depois de um ano morando no mesmo bairro, a quatro quadras, que resolvi te visitar. Eu faço as coisas restritamente quando tenho vontade, você sabe como é. Meu agosto foi amargo e durou até outubro. Aí decidi: novembro ou nada. Fui te ver. Eu não esperava beber quente algum de seus chás ou mesmo a casa aberta. Aliás, na frente, alguém bacana fez e pendurou uma placa pra você. Nada de dragões, mandalas, morangos, agostos, chás, ovos apunhalados ou ovelhas negras.

Ali onde você escolheu pra viver seus derradeiros dias, após o diagnóstico daquela praga, eu fiquei parado, olhando. Eu queria dizer que senti uma coisa mística, um frisson semelhante ao ler "Sargento Garcia" ou "Sem Ana, Blues", mas não. Eu queria ter encontrado um outro lunático fotografando ou talvez uma garota sentada no meio-fio, entregando pra deus, vai ver porque hoje em dia não existe tanta gente disposta a, como é?, "pegar no seu queixo perguntando - o que foi guria?". Pois é, como você sempre reparou, a vida segue, e não anda nada fácil. Está faltando tudo - trabalho, dinheiro, honestidade, união, paz, felicidade, diversão - e amor o que é mesmo?

Também não queria dizer isto, mas você está perdendo o melhor da festa. Um dia, numa crônica na Zero Hora, não sei se você se lembra - é lá de 1995 - você escreveu algo como "depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu?" Sim, o recado foi compreendido, Girassol. Tenho uma má notícia (ou não): você meio que voltou, sei lá, te ressuscitaram. De um jeito estranho, Caio vive. Como um rockstar, talvez. Caio Fernando Abreu é o novo Caio Fernando Abreu.

Bem, acontece que inventaram um troço de internet. É tipo um telefone com imagem, só que bem mais barato, livre e instantâneo. Tem gente que não sabe usar, mas, cara, já está fazendo páreo com as bobagens da tevê. Olha, não existe horário político ou nobre, as moscas não giram só em volta da grana. Como vou explicar? Meio que a galera decide quem sobe ou desce, saca? Então. Você está lá, em voga, em vários, milhares de canais. As pessoas sempre rogaram por mais cultura e afetuosidade, taí. Ah, seus livros estão na vitrine, quase todos. Também estou atrás de Dulce Veiga? Onde andará?

Você não sabe (ou sabe), mas as pessoas estão lendo mais, tentando sentir mais, sorrir mais, se comunicando e compartilhando mais, escrevendo mais, emburrecendo menos com a televisão e comendo menos morangos mofados. Tem que ver, coisa mais linda. De um jeito esquisito, prático e por vezes frívolo, é gente interligada pelo fio condutor do trabalho, das coisas, da saudade que você deixou. É como se todos fôssemos um, como se cada um de nós fôssemos responsáveis por respirar uma célula do seu corpo. Anos depois, só agora. É tudo tão irônico, não?

Quiçá foi melhor assim, Machado de Assis também não foi devidamente honrado em vida e, no duro, você é o maior depois dele, eu acho. Mas há uma lição aí, viver como aquela do Sinatra, "My Way". Você tinha razão, dá mais certo. Ah, obrigado por tudo, principalmente por me levar a Jack Kerouac, que me levou a Bukowski, que me levou a John Fante e por aí vai. Me fez quem eu sou, e sou feliz por causa disso. De um modo ou outro, fazer alguém mais feliz não é pouca coisa, rapaz.

Sinto muito, mas há boatos de que o sobrado de estilo espanhol colonial agora abriga uma família. Pintaram de verde e vão instalar uma piscina. Parecem legais e alegres. Inegavelmente, há mais vida ali. É a impermanência, de um dia pro outro as coisas deixam de existir, nada dura para sempre. É o jogo, quase sempre a felicidade de um, começa na queda de outro. Um beijo carinhoso na testa, com "toda nossa saudade e o nosso amor de sempre". Descanse bem tranquilo. Se conseguir, claro. Porque daqui vamos continuar fazendo barulho.    
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Palavras presentes

Provavelmente, você não se lembra do presente que ganhou daquela pessoa naquele aniversário de dez anos atrás (e a menos). Provavelmente, você não se lembra do que disse quando abriu a caixa embrulhada com fitas metalizadas. Provavelmente, depois de um tempo, você usará o que ganhou e nem se lembrará mais de quem deu, mas se lembrar, aquele objeto não terá mais todo o valor sentimental que teve quando da entrega. Provavelmente, os objetos perderão a referência. A palavra escrita marcada em papéis não. Estará lá sempre para lembrar do sentimento, do que se viveu, do que existiu. Você pode até esquecer quem te deu aquele vestido lindo, mas nunca esquecerá quem mandou um cartão com a pergunta pela qual se esperava há meses. Você pode esquecer quem preparou o café, mas jamais esquecerá do carinho descrito na carta escrita à mão.
 
As atitudes valem muito e provam o sentimento. As palavras documentam e eternizam o momento.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sempre vale a pena

Eu disse uma vez que ser feliz exige coragem. E imagino que, para quem nunca viveu uma grande perda ou um sofrimento enorme, essa pode até parecer um frase meramente retórica. Quando a vida é mansa com a gente e a felicidade vem na paz e na tranquilidade, é até difícil assimilar que é preciso ser corajoso para ser feliz. É quando a vida desanda, quando tudo se perde, quando a tempestade faz cinza o céu e amolece o terreno firme em que batíamos os saltos, que a coragem é exigida.

Quando menos se espera, acontece alguma coisa que deixa tudo de cabeça pra baixo, tudo de pernas para o ar e aí, sim, é preciso ter coragem para recomeçar. Coragem para acreditar, como diz a letra da música do Los Hermanos, que a estrada vai além do que se vê. Não é fácil, minha gente. Muito pelo contrário. É um desafio enorme e diário. É um esforço hercúleo. É uma tarefa de paciência excruciante. É preciso acreditar, ainda no meio do caos, que o futuro será melhor. Ter fé em Deus ajuda, ter fé na vida e no homem também, mas a verdade é que é um processo interno e difícil para o qual nem todo mundo está preparado.

É preciso coragem para arriscar de novo, mesmo com medo. Coragem para falar o que dói mesmo que as lágrimas rolem. Coragem para perdoar aquilo tudo que sempre se disse que jamais seria perdoado, engolindo o orgulho. Coragem para tentar mais uma vez, mesmo que cabisbaixo. É preciso coragem para insistir ainda que o mundo inteiro diga que não. Coragem para fazer valer a pena cada coisa que nos é imposta. Acredite: se elas estão aí, você será capaz de lidar com elas.

A vida volta a ser doce e leve depois da tempestade. Acreditem, falo porque vivo isso. As coisas voltam aos seus lugares. E, depois de decorrido certo tempo, a gente é capaz de entender, finalmente, que a estrada era aquela mesmo, pantanosa em algumas curvas e terra firme nas retas. Não, não queríamos atolar no pântano, mas diante dele, o que se tem é que fazer a força necessária para sair e sair.

A vida sempre vale a pena, mesmo que essa certeza pareça uma falácia no meio do caminho.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Nove de Novembro de novo

Então o tempo passa. Na verdade, ele corre acelerado fazendo os ponteiros do relógio girarem as horas, os dias, os meses, os anos. O tempo passa e quando nos damos conta já é de noite, já é domingo, já é novembro. O tempo corre e seguimos aturdidos com ele, mais ou menos como quando somos derrubados por um onda mais forte, daquelas contra as quais não conseguimos lutar e terminamos, sem nadar e sem andar, literalmente bolando até a areia. O tempo passa rápido demais e as datas se repetem freneticamente. E, nesse ritmo, terminamos querendo um pouco mais de calma, um pouco mais de alma, como diz a letra da canção, mas a vida não para.
 
Então o tempo passa e sendo novembro de novo e sendo nove de novo, o mundo amanhece em tons de cinza. A data se repete, não é a primeira vez, não é mais tão cortante, não é mais tão dilacerante como fora o primeiro nove de novembro sem ele no mundo; mas a data se repete e a saudade finca bandeira no peito e grita suas dores até não mais parar. A correria do cotidiano que impede que pensemos na dor se perde na data de hoje. A alegria da noite anterior que veio com a luz dada ao mais novo Thiago da família se ofusca com esse pesar de não se ter mais o tio pioneiro dos TH da família.
 
Então o tempo passa. É novembro e é nove mais uma vez. Há trinta anos uma alegria imensa na família pelo nascimento dele. Há muitos anos, um menino traquino, sempre com cortes e raladuras espalhados pelo corpo, assoprava suas velinhas. Há alguns anos, em sequência, sempre uma data cheia de motivos para se comemorar: conquistas, vitórias, carreira, família. Este ano, só saudade e ponto.
 
Então é saudade e mais uma vez há doçura em cada lembrança, há ternura em recordar, há gravado o sorriso encantador e o carinho para com o mundo. Há, sem dúvida alguma, ainda muito pesar pela ausência, por esta falta que derrama tantas lágrimas, que transborda o que cabe no de dentro. É saudade, é claro. Saudade da companhia primorosa, da gargalhada que engasgava e terminava em tosse, dos olhinhos quase fechados, das mãos de chimpanzé, do abraço caloroso, da segurança do ombro, da gordura nas têmporas e dos dedos de salsicha(né Sabóia?), da diligência e do dom profissional, da sapiência e da calma para resolver o que parecia insolúvel, da paternidade amorosa, da alegria em cada encontro. É saudade de tanta coisa, de cada detalhe do que ele era.
 
Então o tempo passa e a saudade, essa teimosa, permanece. Chega nesse nove de novembro destruindo um pouco da construção da superação que o mundo espera de nós. Ela vem derramando algumas lágrimas pelo despertar ao som de "parabéns pra você" cantada por dois pequenos que crescem sem o exemplo dele. Ela aparece e mostra sua presença em cada batida do coração que hoje está mais triste. A saudade está aqui e ela é prova contundente, incontestável, inquestionável para que ele, onde quer quer esteja, tenha certeza da imensidão de amor que deixou por aqui.
 
 
 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

As contas

Perdi as contas de quantas vezes eu disse nunca mais e queimei a língua. Perdi as contas das noites mal dormidas, revirando na cama com a cabeça a mil, em busca de soluções para problemas imaginários que pareciam insolúveis e que, meses depois, tornaram-se tão pequenos. Perdi as contas de quantas vezes eu achei que era o fim, o máximo que se poderia esticar a corda da paciência e da esperança, e depois descobri que ainda dava para muito mais. Perdi as contas de quantas vezes as lágrimas caíram aos montes, inundando tudo, achando que perdera o sentido e que a tempestade não teria fim para depois ver uma fresta de céu azul se abrir ao céu. Perdi as contas de quantas vezes eu achei que era um beco e, de repente, uma estrada. Perdi as contas das vezes em que duvidei, em que desacreditei, em que lastimei em vão e pensei ser inútil prosseguir, mas eu segui adiante e ainda estou aqui.

Estou aqui em pé, tentando, me debatendo, persistindo, insistindo e fazendo, a cada segundo, a escolha de encontrar motivos para sorrir no mundo. Estou aqui movida por um amor que devolve a luz e a cor, que restaura a vontade de viver, que inunda alma e coração e faz a gente crer que até as coisas muito ruins podem trazer coisas muito boas. A vida vale a pena mesmo quando ela dá voltas, mesmo quando vira tudo de cabeça pra baixo, mesmo quando a porta é batida na cara. Vale encher o peito e recobrar o ânimo quando a dor envergar a alma porque ali, logo ali, depois daquela curva que impede que enxerguemos o ponto de chegada, encontrar-se-á a razão de tudo e o pote de felicidade. É tudo uma questão de deixar os sentidos guiarem porque é certo de que eles vão encontrar o nosso lugar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

#Dia D

Viver não dói

"Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. 

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional."

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pensando

Eu não sei se as coisas já nascem com prazo de validade. A gente nunca sabe quanto é que dura, até quando é que vai. Mas quem pára para pensar talvez pense em parar. Não sei mesmo se faz sentido. E se fizer nem interessa. Porque a prevalência é da incerteza, e mesmo que seja clichê é triste.
 
No fundo as coisas são tristes. (...) É chato demais ter que esperar o daqui a pouco para garantir o sorriso. Empurro o tempo e espero, espero, espero.
 
Algumas coisas boas podiam ser eternas. E não me entenda mal. Não é pessimismo, é o contrário. Uma vontade doida de que o que é bom seja também bom daqui a um, dois, três anos. Que seja até o fim dos tempos. Não queria me projetar num futuro o qual eu não entendo. Mas também não queria deixar para trás esses desejos. Que se exteriorizem. E que aconteçam. É tudo que peço. Ser feliz tem um preço... um dia somos tristes, e depois já não sei. Que o "não sei" venha logo... e que traga você de uma vez. Que esteja perto. E me desculpe as poucas palavras, o vocabulário raso. Algumas idéias vêm ao mundo despidas do luxo. 
 
 
PS: Ainda não estou em Fortaleza, queridos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

I can't help feeling we could've had it all


Quando a realidade não funciona mais é hora de colocar todos os seus sonhos dentro da mala e ir de “planos e cuia” em busca de conforto pra alma. Quando seu espaço fica pequeno para tantos desejos e a rotina começa a te apertar, pode se preparar pra colocar o pé na estrada.

É difícil aceitar, mas muitas moradias que construímos ou mesmo residimos ao longo da vida serão temporárias. Nossos planos são nômades e tem vontade própria, mudam de idéia a todo instante. Uma hora felizes em um canto, minutos depois inquietos e prontos pra partir.

Quando isso acontece, mais do que força para abandonar a antiga casa, é preciso coragem para enfrentar uma viagem desconhecida rumo ao novo.

É verdade, levar nossos ideais para morar em outro lugar pode ser assustador.
Mas também pode ser delicioso. Se essa viagem de recomeço tiver como guia nossa própria vontade.


Fernanda Gaona
 
PS: Meus queridos, eu não estou em Fortaleza e as postagens dos próximos dias foram programadas.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sem olhar pra trás

“Quem me conhecer a partir de agora vai ter o melhor de mim”. A decisão foi tomada logo depois de mastigar o último pedaço de sanduíche natural. Desligou a luz da cozinha e foi lavar o rosto. Mas as mãos em concha não ofereciam a quantidade de água suficiente para lavar a sua nova postura. Despiu-se. Por longos minutos esqueceu as campanhas educativas e praticou o desperdício. Girou a válvula até o limite. Sob o chuveiro ficou a mercê de uma enxurrada. Imóvel. Talvez esperando o que ficou da pele antiga descer ralo abaixo. Tentou se lembrar de como era antes de morder o pão, mas não conseguiu reconstituir a sua própria imagem. Nem poderia. A mulher que escolheu ser, naquela tarde de domingo, já não estava mais subjugada a um passado de perdas recorrentes, de ciclos de covardia, de imobilidades periódicas. Estava enxuta, limpa, lúcida. Pronta para vestir uma roupa nova com estampas graúdas de recomeço.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Samurai

É disso que eu falo sempre, de arrebatamento; de tombar inerte ante a força do que se sente; de se superar os medos, as dúvidas, as queixas, as correntes pelo que é raiz dentro de si. Eu falo disso, de só saber sentir a despeito de tudo que se esperava e que se havia planejado, apesar da improbabilidade do sentimento, independentemente do que possam falar. Eu falo de algo que briga com o cérebro e que quer se manter aceso, fumegando a coluna vertebral, congelando o estômago. Eu falo do que muda o curso da vida, refaz planos e projetos, recria os sonhos e pinta de azul céu cada instante compartilhado. Eu falo daquilo que sempre deixa um gosto bom e vontade de muito mais. Eu falo de algo que devolve luz à escuridão; que devolve sentido e rumo certo à vida destroçada por um furacão; que traz de volta o sorriso de paz para o rosto e para o coração. Eu falo daquilo que faz pensar em para sempre, que faz querer mais tempo, que faz ansiar pelo que há de vir. Eu falo tão somente de um encontro raro, enzima-substrato, catalizando etapas rumo à felicidade.
 
Eu falo disso sempre e nem sei se realmente sou ouvida e compreendida. Eu falo que, embora o sentimento surja em turbilhão, ele pode se manter no universo infinito de dois. É certo que ele não precisa de espetáculo, de multidão, de platéia nem de aplausos. Ele subsiste na distância, nos contratempos, na rotina, no cotidiano que impede as vontades. Ele subsiste convivendo com o improvável. Porém, ele não resiste à unicidade de entrega, aos ataques feroz da solidão acompanhada, à tristeza de não se poder dar aquilo que não se tem e de não se poder ter aquilo que mais se quer. Ele cai desfalecido quando se depara com o não do outro, porque é preciso dois e só com dois ele se mantém em pé.
 
Então, eu falo de não se saber onde se esconder para que o sentimento não encontre; de buscar distrações e terminar com o mesmo pensamento; de querer fugir e permanecer exatamente no mesmo lugar. Eu falo da luta desleal, contra o que é muito mais forte, contra o que é infinitamente maior. Eu falo da resistência, da busca desenfreada pela calmaria no coração, da tentativa ininterrupta de se pacificar a alma e respirar profundo. Eu falo do que não é o que se queria e muda novamente os planos todos, o mapa que se queria seguir. Eu falo da música do Djavan, aquela em que se diz querer lutar contra o poder dele e acaba por cair aos pés do vencedor para ser um serviçal, um samurai. Só que, neste caso, a felicidade cedeu lugar à frustração.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Coaduno desse pensamento

 
Amor não é uma questão de merecimento, é gratuito, inexplicável. A gente ama e pronto. Se tentar racionalizar não é  amor, é medo, é preguiça de avançar. Não é preciso estar pronto para o amor, ele não avisa se você precisa esperá-lo vestido a caráter. Se tiver que seguir um roteiro para chamar ou no caso, "merecer" o amor de alguém, sugiro que você fique sozinho até se encontrar. Muitas vezes criamos expectativas em torno de uma pessoa, de uma história e mais adiante percebemos que idealizamos essa pessoa, que criamos uma história. É preciso estar aberto, essa coisa de foco é pra máquina fotográfica. A vida se revela no inesperado. Então, pare de se preocupar como, quando, se. Deixe o amor te pegar de surpresa. Pode até não ser sua história inventada, idealizada, mas será sua realidade encantada.

Renata Fagundes

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fraquejando

Eu acreditei mesmo que não mais falaria de luto. Eu me propus a buscar outros temas, outras referências e expor agora este outro momento de vida em que me encontro. Eu achava que seria mais fácil do que efetivamente é. Porém, quando a ausência e a saudade gritam dentro da gente e espancam a alma até exaurir todo resquício de força que se tem, torna-se inescapável abrir o verbo para falar de dor.

Eu explico: o final de semana foi difícil. Um dos "T(h)iagos" da turma dele se casou. E quem conhecia, sabe que os quatro eram uma gangue, eram uma turma da pesada, conhecida e querida, sucesso com as meninas, sucesso nas festas. Eram, sem dúvida alguma, dos melhores amigos que ele tinha, pessoas que ele queria muito bem, pessoas com quem convivíamos sempre e era sempre um enorme prazer e uma alegria imensa encontrar nas inúmeras reuniões e noitadas. É incrível o carinho que uns tem para com os outros. Eram a turma dele, os amigos dele, as companhias de farra dele e eram muito presentes na nossa vida, mesmo depois da fase de solteiros-pegadores.

No casamento de outro amigo, em março do ano passado (http://naoquerooutrolugar.blogspot.com/2010/03/cartas-para-voce-ix.html), as coisas ainda latejavam demais, as pessoas choraram copiosamente a saudade e a ausência dele era presença que berrava e não nos deixava esquecer. As lágrimas que caíram provocaram a embriaguez e foi muito ruim estar sem ele ali. Neste sábado, no casamento do Rochinha e da Lia, a mesma turma, a mesma alegria, a mesma festa e eu sozinha. Fui muito feliz e emocionada por ter sido convidada para ser madrinha deles, por reencontrar tantos dos amigos dele, pessoas que faziam parte do que ele era, mas a ausência gritou de novo dentro de mim.

A turma hoje é composta basicamente de casais, muitos com filhos pequenos como a gente, muitos engravidando agora, e eu sozinha ali. Eram os amigos dele, os assuntos dele, as piadas dele, as coisas que ele mais gostava de ouvir e de fazer com pessoas que ele adorava estar e eu sozinha, sem ele ali. No discurso feito pelo noivo ele lembrou e homenageou o Thi, ressaltando o quanto ele faz falta. E aí, apesar de não ser mais tão latejante, apesar de não doer como antes, apesar de achar que consigo suportar, as lágrimas vieram. Eu estava sozinha, enquanto todo mundo estava acompanhado. Eu estava sozinha, num ambiente que era a cara dele. Eu estava sozinha, fazendo o que ele adorava fazer, estar com aquelas pessoas, beber e curtir a noite inteira. Eu estava só.

A festa inteira era a cara dele, não somente pelas pessoas, mas também pelas músicas, pela bandinha tocando frevo com aqueles guarda-chuvas de olinda, pelas músicas de axé... Eu curti, dancei, bebi, ri muito, fui paquerada (!!!). Não foi um peso, mas ainda assim doeu muito. E, ao voltar para casa, com o dia nascendo, as lágrimas caíram aos montes. Não sei se algum dia isso tudo vai parar de doer em mim. Não sei se algum dia, se eu estiver nesses eventos acompanhada, se isso mudaria a sensação de vazio e o peso de não tê-lo mais no mundo. Não sei se tem coisas que são mesmo insuperáveis, doem e vão doer sempre. Não sei se serei capaz de afastar do meu coração essa dor de tudo que poderíamos ter vivido juntos, a frustração de tudo que poderíamos ter sido, a irresignação por essa partida tão de repente e tão precoce. Eu não sei.

O que sinto agora é que o vazio não deixa de existir; que a perda dói muito, mesmo quando essa dor fica disfarçada de superação e resiliência; que a vida faz com que coisas boas aconteçam depois das coisas ruins e, ainda assim, a gente se pega sentindo falta do melhor que tinha; que não adianta fugir do que se sente e que é preciso permitir que estes sentimentos cheguem, revirem tudo e se vão. O que eu sei é que eu ainda cambaleio, mas eu quero me manter de pé. Sempre.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quando o amor se tornou quadrangular




Eu já contei que eu não escolhi ser mãe, eu me tornei uma numa das reviravoltas que a minha vida deu. De repente, eu estava ali com marido, filho pequeno, dona de casa, trabalhando fora... De repente, muito de repente. Quando eu comecei a me acostumar com a nova rotina, o Thi já veio propondo que a gente tivesse mais um bebê. O Matheus ainda mamava e dava um trabalho enorme para pegar a mamadeira. Eu ainda estava bem acima do peso e queria emagrecer. Ele dizia que seria legal ter duas crianças bem pertinho assim, que eles cresceriam juntos, que seriam amigos. No argumento, pesava um pouco o fato dele ter sido o mais novo da família, a raspa do pote, com uma diferença de mais de quatro anos para a irmã do meio e mais de seis para o irmão mais velho.

Eu achava que era incapaz de dividir o amor que eu sentia pelo Matheus. Eu achava que não conseguiria amar mais ninguém da mesma forma que o amava. Mas meu marido era bem insistente quando queria muito uma coisa. Lembro bem que, no discurso do aniversário de um ano do Matheus - em 2007, ele disse que em 2008 teríamos outro filho. Lembro claramente de que, na noite do Reveillon de 2008, ele repetiu a promessa ante amigos e familiares e eu ri muito. A gente ia passar o carnaval em Salvador e eu tomava ainda anticoncepcionais, como ele podia estar tão certo de que teríamos outro filho ainda aquele ano?

A alegria dele em ser pai, a dedicação e o carinho, o amor que ele sentia pela família que nós estávamos construindo me convenceram a parar a pílula e abrir a possibilidade de mais um bebê. E eu engravidei quase que imediatamente. Thomás foi feito lá mesmo no Carnaval de Salvador e ao retornar, quando a menstruação atrasou um dia, um mísero dia, o Thiago mesmo fez uma requisição do Beta hCG e eu fui rindo, chamando ele de ansioso, fazer o exame de sangue no laboratório. À noite, em casa, eu já nem me lembrava que tinha ido, tão incrédula que eu estava, e ele, empolgadíssimo, entrou na internet para ver o resultado e POSITIVO! Foi assim que num mesmo 20/02, só que dois anos depois, o nosso amor se tornou quadrangular.

A torcida majoritária da família era para que viesse uma menina, mas guardo ainda as lágrimas do Thi quando descobrimos que era outro menino que viria e das palavras dele de que nossos filhos seriam muito amigos. E, quando a vida deu outra reviravolta, foi justamente esse pequeno que segurou as nossas pontas. Com sua inocência, com sua parca compreensão da realidade, por não carregar o peso da falta - tão óbvia e tão presente em mim e no Matheus, ele nos ajudou a ficar em pé. O amor que une meus dois pequenos é tão lindo de se ver e mataria de orgulho o pai, que sonhou desde muito antes com a amizade deles dois.

Hoje faz três anos que nos tornamos um quarteto. É lindo me ver nele e reconhecer traços da personalidade do Thi no Thomás, ainda que esse referencial não esteja presente no crescimento dele. É precioso ver a importância que ele tem para mim e na vida do irmão mais velho. Do jeito dele, com a pureza dele, com a leveza que só a inocência é capaz de proporcionar, ele fez cada um dos dias mais feliz.

Parabéns, Thomás! Que muitos outros anos sejam comemorados. Te amo muuuiiitttoooo, enooooorrrrme!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Fato

A paz de que eu preciso só encontro quando saio de dentro de mim e me enxergo pelo olhar do outro. A calmaria que abre sorrisos só me acha quando me permito querer menos e me doar mais. A felicidade só me alcança quando deixo de pensar em mim para simplesmente viver cada coisa a seu tempo. Não é preciso confabulações e discursos, nem compromissos e agendas, muito menos contratos, cauções, avais. Tudo isso não passa de idiossincrasias oriundas da criativa mente humana para fazer caber num conceito aquilo que só se sabe sentir.
 
Quando se permite deixar de querer tanto é que se compreende a infinitude. Quando se permite parar de cobrar tanto um lugar é que se percebe que as coisas naturalmente ocupam seus devidos lugares. Quando se baixa a guarda, se derruba os muros protetores e se guarda as armas é que se consegue então olhar nos olhos e ver aquilo que salta, que é óbvio. Não importa quantas vezes se ouviu, é importante perceber e sentir. E só se consegue perceber e sentir assim.
 
Não aparece extravagante, extraordinário, não são fogos de artifício pintando de fogo o negrume do céu, não são letreiros luminosos em luz neon, não é esquadrilha da fumaça. Pelo contrário. É calmo, sereno, tranquilo, corriqueiro, cotidiano; mas mais importante: é recíproco. O que mora no peito é inconfundível e, por mais que se lute em busca de contenção, escorre pelas frestas dos olhares que se encontram num espaço-tempo de perfeição. Escapole nos pêlos eriçados após o toque; na ausência de fôlego a cada beijo. Não há obstáculo capaz de ocultar a vontade que o coração escolheu.
 
É preciso então esquecer o próprio umbigo, as cobranças, as discussões inúteis, guardar as armas, recuperar o fôlego, se encher de coragem, para entender que a entrega é muito mais importante que o retorno e que, de todas as escolhas feitas pelo coração, a que é mais difícil é o estorno. Não se tem como reaver o amor que se dedicou, não é possível evencer aquilo que se deu por amor, não há garantia alguma de reciprocidade, nem de compromisso, nem de vantagem em troca. E ainda assim é quando mais se dá que mais se recebe. Fato.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Silêncio, por favor.

Às vezes, eu preciso de umas pausas, de um tempo inerte para arrumar as coisas dentro de mim, para limpar a alma, para me livrar de alguns pesos que se acumularam e para colocar algumas fotografias na parede da memória.

Às vezes, eu preciso de um chá de sumiço, de um silêncio absolutamente sem ruído para então ouvir apenas o que lateja em mim, para entender minhas revoluções internas e para escutar meus protestos urgentes em busca da felicidade pra ontem.

Às vezes, eu preciso de reclusão, de ficar sozinha comigo mesma, para me olhar no espelho e continuar me reconhecendo ali, continuar respeitando o que eu sou e os meus mais profundos desejos, vivendo de maneira condizente com aquilo que acredito e busco.

Às vezes eu preciso de solidão, de reclusão, de um minuto comigo mesma para perceber aquilo que me move, para reconhecer aquilo que me alegra, para olhar para dentro e dar conta dos meus passos todos e meus erros também.

Eu estou agora nesse momento de busca por mim, de equacionamento de algumas variáveis e eu preciso do silêncio, da ausência e da solidão. Ficarei sem postar por aqui por alguns dias, mas eu sei que voltarei. Até já!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Qualquer idiota diz eu te amo




Qualquer idiota diz eu te amo

Posted: 26 Sep 2011 07:00 AM PDT



Não se trata de incapacidade de sentir a coisa, sou um ser humano plenamente funcional. Mas, sabe aquela do Stevie Wonder, "I Just Called To Say I Love You"? Pois é, não está na minha lista.

Bem, só que eu estava saindo tempo suficiente com esta garota, já não podia me considerar um simples turista em seu sofá-cama, naquelas noites de sexta-feira e sábado e domingo e segunda-feira. Uma tarde, assistindo "(500) Dias Com Ela", ela resolveu chorar no meio do filme, não lembro em qual dos quinhentos dias e isso também não interessa. O que importa foi ver ela chorando e tentando esconder o rosto com a franja, e como ela segurava os dedões dos pés, os dois simultaneamente, sentada no sofá-cama feito índio ou como uma pequena menina de 14. Eu quis abraçá-la. Eu adorei aquilo. Eu... (longo suspiro) sei lá, cara.

Oito meses, um ano, mais três meses e eu não disse a coisa, embora tivesse vontade de dizer o tempo todo. Umas noventa vezes fiquei a ponto de formalizar o sentimento e aí parei, então ela acabava perguntando "O quê?" e eu "Nada" e ela "Anda, fala logo" e eu "Vai parecer besteira" e a cena terminava por aí mesmo. Em minha defesa, em defesa de todos os espécimes do meu tipo, há outras mil maneiras de fazer isto, não? Levar avós em torneios de biriba, submeter-se a testes de HIV antes de abolir a camisinha, descer até a farmácia e pedir ao senhorzinho de jaleco branco aquele com abas e substâncias antiodores para fluxos intensos, buscar avós em torneios de biriba. Você entendeu.

Aí ela ficou de me ligar e acabou sumindo. De começo achei que foi pela minha mania de fazer xixi assobiando alguma coisa dos Monkees. Mas com o tempo percebi, me dei conta, caí em mim, que a razão daquela ausência insustentável era a economia com meus "eu te amo" e como aquilo poderia ser interpretado. Falta de comprometimento. Não-amor. Que aquele um ano não tinha significado algum. Que ela não era amável. Era tudo um desperdício de vida. Não sei. Vai saber. Garotas são loucas, se fossem vendidas em frascos, viria rotulado: contém 1 drama. Acontece que eu não sei. Não sei se amo ou não.

Liguei para, você sabe, sondar como estavam as coisas. Deixei escapulir que queria vê-la. Precisava, na verdade. E ela "Por quê? Por que você me quer tanto de volta?" - Eu sabia, claro. Mas ela queria saber também, ouvir, anotar num papel de pão, deglutir, rabiscar a frase no espelho com batom magenta, gritar pra todo mundo ouvir, sair cantando Stevie Wonder. Garotas não desaparecem sem um truque na manga, anota isso aí. Então eu disse "não sei", ela quis desligar, eu quis conversar, até que ela venceu com "não vamos discutir a relação sem efetivamente estarmos em uma". Faz sentido.

É tão difícil assim?

ELA: Por que você me quer tanto de volta?
EU: Eu não sei. Quer dizer, eu sei. Eu acho que sei. Bem, parece, tudo indica, acho que decidi que, puta merda, eu amo você.

ELA: Por que você me quer tanto de volta?
EU: Porque estou te ligando movido pela vontade de reaver você e aquilo que tínhamos até semana passada. Eu penso em você dia e noite e fico ridiculamente abalado se a gente acaba brigando. Eu acho que te amo, garota.

ELA: Por que você me quer tanto de volta?
EU: Porque amo você, eu acho. Não sei ao certo. Sei que jamais terei certeza se você continuar com essa bobagem estúpida de ficar longe de mim.

ELA: Por que você me quer tanto de volta?
EU: Eu te amo, sua morena invocadinha.

Fácil. Até demais. Qualquer idiota consegue, talvez seja menos complicado cuspir isso sem realmente sentir. Os mentirosos são os mais fortes, têm mais estômago pra esse tipo de composição gramatica e sentimental. Eu não, hesito, sinto medo e quando estou a ponto de bala de dizer a coisa, meu queixo treme e chego a passar mal. Mas amo, é o que importa. Amo demais. Sem discursos, sem frase de efeito, sem irresponsabilidades. Eu sei porque se não fosse tão forte eu não ficaria sem palavras.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

É que eu queria falar deles.

Quando o dia ficar difícil e o peso nos ombros insuportável, quando os olhos estiverem vermelhos e o coração partido, quando a vida estiver meio sem sentido e não se consiga conter as lágrimas que brotam ininterruptamente, que se tenha amigos pra dividir o fardo que se carrega, que se tenha alguém para repartir a dor, que se tenha alguém para falar, falar, falar enquanto dói; que se tenha alguém para chorar no ombro, para abraçar sem vergonha, para pedir colo e conforto.
 
Quando a vida for colorida, quando o sorriso for constante, quando o brilho nos olhos deixar claro a felicidade que carrega, quando tudo estiver nos trilhos,  quando existir a sensação de que se encontrou o seu lugar, quando for leve e doce e descontraído, quando feliz, que as mesas pessoas estejam lá para brindar com os braços elevados para o ar, para compartilhar a felicidade de ser o que se é e as conquistas de cada dia e cada vitória, que se tenha com quem dividir, que se tenha com quem contar.
 
Para qualquer coisa, que se tenha amigos.